quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

Cruzetas


Fluam perfumes macios
Modelam-se corpos esguios
Planam no sonho dos sonhos,
Hábeis neurónios intelectos
Estruturas, andaimes esqueléticos
Cruzetas para vestes dito novas.

Céus inventados, passarelas
Maquilhagem, óleos, aguarelas
Mais o que a luz e o som disfarça.
É tão falsa a ilusão
Surda à voz da razão,
Que este mundo amordaça
Camélia

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Ameopod

A procura da originalidadeDetesto um poema cíclico e não aprecio
o caminho por muitos trilhado
séc. IV a.C.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

Apartamento de sua dama

Densos e verdes bosques, fiel arbergue,
Campo florido, umbrosos, frescos montes,
Colinas, vales, ó prados, margens, fontes
Onde o corpo se banha e limpo se ergue:

Doce prazer gracioso que converte
Em saudade, lembrança que desponte
Ó suave olhar, loiro cabelo, ó fonte
Por quem, meu triste olhar, lágrimas verte;

Doce país, quedo vale sem rumores,
Onde meu coração anda erradio
E a mente se conturba de desejo:

Ó bem-nascidas, brancas, áureas flores
que ela pisa ou recolhe, ó seixo, ó rio,
Seus olhos onde estão, que aqui não vejo?

de Conti

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

À lupa, um epigrama.


Avisando alguém Inês
para deixar o marido,
que anda entre putas metido,
ela disse:
"Bem que eu veja claramente
o mal que faz ao deixar-me,
não irei aforrar-me dele
mas contente, desforrar-me ".
B. del Alcázar

O perfume do luar


Penetrando até ao meu quarto,
o perfume das flores
em noites de primavera
entra pela janela
com o velado luar

Mon'in


da minha caixa de poemas favoritos

O pudor

Quando ofereces aos convivas
como o copeiro que serve taças em redor
o vinho das tuas maçãs do rosto
não exite em bebê-lo
Porque a este vinho o fazem generoso
os olhos que te fazem ruborizar
enquanto ao outro o fazem generoso
os pés dos vindimadores
Ben Muhammad (séc.XI)

Te engrandeci e flori


Quando chegares a Vidisa aí gozarás do absoluto prazer dos amantes.
Quando beberes a água deliciosa e agitada do Vetravati que corre feliz
ressoando nas margens como se bebe nos lábios da amada cerrando
as pálperas.